sexta-feira, 5 de abril de 2013



PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA DE JOÃO PESSOA
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
CLASSE TEMÁTICA: O LIVRO DO APOCALIPSE
PROFESSORES:  Revs. Fernando e Lídio


A Dedicatória (1:4-8)
Pelo menos dez igrejas haviam sido estabelecidas na província da Ásia quando João escreveu o Apocalipse, portanto deve ter havido alguma razão para que ele escolhesse sete delas. Por agora queremos simples­mente apontar o fato de que o número de igrejas às quais João se diri­giu (cujo significado simbólico será considerado mais adiante), bem como a ordem na qual elas são apresentadas (que, ao que tudo indica, parece ser mais uma questão de simetria de estilo do que de geografia) parecem indicar que a mensagem é para a igreja em geral. João abre a sua dedicatória com um tipo de saudação que pode ser encontrado na maioria das cartas no Novo Testamento. Pelo fato de dirigir-se a um público bastante grande, sua descrição dos remeten­tes é bastante impressionante. Graça e paz vêm, neste caso, do Deus triuno e cada uma das pessoas da trindade é mencionada por sua vez. A descrição de Deus, o pai, que relembra o nome divino dado a Moisés em Êxodo 3:14, demonstra a particularidade de certa porção da linguagem utilizada por João. O que João verdadeiramente escreveu no gre­go seria o seguinte em português: "Graça e paz da parte de ele que é...". Será que realmente João deveria ter usado "de ele" em vez de "dele" ou "daquele"? É possível que João estivesse vendo Deus como alguém que é sempre "ele", o único sujeito de todas as sentenças, que governa todo o conteúdo do que está escrito, não sendo "ele" mesmo con­trolado por nada. Nem mesmo pelas leis gramaticais. Encontramos no Apocalipse muitas declarações, muito mais explícitas do que es­ta, do que o escritor da carta aos Hebreus chamou de "a imutabilidade do seu propósito" (Hb 6:17). Aliás, o Espírito que está diante do trono, o centro da trindade, e que conhece as profundezas de Deus (1 Co 2:10ss), é mencionado a seguir.  A visão de João o levará para dentro do santuário celestial, do qual o tabernáculo no deserto era uma cópia e uma sombra (Hb 8:5). E talvez a ordem de apresentação da trindade de um modo pouco costumeiro (Pai, Espírito Santo, Filho) corresponda ao plano do san­tuário terrestre em que a arca no santo dos santos representa o trono de Deus;o castiçal de sete hastes no lugar santo representa o Espírito Santo; e no átrio frontal ficava o altar de bronze com os sacerdotes e sacrifícios, ambos representantes do trabalho redentor de Cristo.Se a descrição do Pai contém um dos primeiros solecismos da par­te de João, a descrição do Espírito Santo contém um dos primeiros mistérios. "Sete espíritos" — seria esta uma expressão para representar o Espírito na sua natureza essencial, da mesma forma como as sete igrejas representam a única e verdadeira igreja? Ou será que eles repre­sentam o Espírito igualmente presente em cada uma das igrejas? (Ver 5:6). Ou será que representam os sete dons do Espírito apresentados em Isaías 11:2? Não sabemos com certeza. Todavia somos avisados de antemão que as chaves que abrem certas portas do Apocalipse são de difícil acesso. Deus, o Filho, recebe uma descrição mais completa. As raízes da descrição encontram-se no Salmo 89:27, 37 e a passagem apresenta o triplo ministério de Jesus como profeta, sacerdote e rei. Com Cris­to a trindade chega à terra e a teologia (v.5) torna-se louvor (vs.5b e 6). Jesus Cristo é o profeta que veio ao mundo para dar testemunho do evangelho da salvação. Apesar da palavra testemunho ser a palavra grega martis, o pensamento básico não está relacionado à morte de Cristo e, sim, ao testemunho que ele dá. A vinda de Cristo é uma amável deferência da parte dele para conosco. Ele é o Sacerdote que se ofereceu a Si mesmo e que morreu para depois ressuscitar, não so­mente para Si, mas para todos os filhos de Deus. Ter sido lavado no seu sangue é uma metáfora bíblica aceitável encontrada, por exemplo, em 7:14; mas NVI diz: "pelo seu sangue nos libertou", tradução que não somente tem uma melhor sustentação nos manus­critos originais, como ainda associa o nosso texto aos acontecimen­tos descritos no livro de Êxodo, tais como a morte do cordeiro pascal e a redenção de Israel do jugo egípcio. No Calvário foi efetuada uma redenção muito mais abrangente. E seus benefícios são para nós. Agora o Senhor é exaltado como Rei dos reis, e da mesma forma como Is­rael foi libertado da escravidão para se tornar um reino de sacerdotes (Ex 19:6; Ap 5:9-10), é dada a nós a oportunidade de compartilhar do reinado do Senhor.
Um dia o Senhor voltará, como ele mesmo afir­mou. Aliás, foi o próprio Senhor, e não João, que primeiro juntou esta dupla figura profética que envolve as nuvens e a lamentação das tri­bos da terra associadas à sua segunda vinda (Dn 7:13; Zc 12:10; Mt 24:30). Aqueles que o traspassaram irão reconhecê-lo e lamentarão a oportunidade perdida de salvação. Mas seu próprio povo estará a esperá-lo, sabendo que ele é o "Alfa e o Ômega", o princípio e o fim de todas as coisas. E assim o trabalho do Senhor estará terminado. Este é o Deus Todo-poderoso que está enviando graça e paz a nós, seus servos, na longa carta que se segue. Graça e paz em vez de per­plexidade e confusão é o que promete o Senhor a todos que com es­pírito confiante o procurarem para serem abençoados. O Apocalipse é um verdadeiro drama. Depois do título e da dedicatória que formam o prólogo, as cortinas são abertas e o drama começa.
A Igreja Centrada em Cristo (1:9-20)
Até o dia em que ouviu a voz como que de trombeta, João experimentou, no banimento, muito mais as tribulações de Cristo do que o esplendor do reino do Senhor. As montanhas e as minas da ilha de Patmos eram ambiente próprio para causar depressão e não encorajamento. Mas apesar de João estar fisicamente em Patmos, naquele dia do Senhor achou-se também em espírito , da mesma forma que Jacó muito tempo antes, para quem o travesseiro de pedra do exílio tornou-se o próprio portal do céu. A voz ecoou. João voltou-se: a cena daquela ilha mediterrânea sumiu nas suas costas e diante dele surgiu a visão de uma outra realidade. Foi o círculo de sete candeeiros que primeiro lhe chamou a atenção. Os candeeiros representavam as igrejas, é a explicação que logo se segue. Mesmo que o versículo 20 não existisse, poderíamos chegar a esta conclusão através de outras passagens, tais como Filipenses 2:15-16. Aqueles que resplandecem como luzeiros no mundo, diz o apóstolo, são os que preservam a palavra da vida. Assim Cristo, que é a luz do mundo (Jo 8:12), dá aos discípulos o mesmo título (Mt 5:14). O significado do outro conjunto de luzes, as estrelas, não é tão fácil de entender. As sugestões de que os anjos são os líderes das igrejas, ou mensageiros delas, ou que representam o seu espírito, no sentido moderno de caráter ou etnia, levantam uma série de dificuldades. Parece que o melhor a fazer é tomar as palavras pelo que elas valem no seu sentido básico. As Escrituras demonstram (e não somente os escritos apocalípticos) que, tanto indivíduos (Mt 18:10; At 12:15), como nações (Dn 10:13; 12:1), podem ter um anjo, um parceiro espiritual no nível celestial. Presumivelmente o mesmo poderia acontecer em relação às igrejas. De qualquer forma o anjo e sua igreja estão intimamente relacionados; a mensagem de Cristo é dirigida a ele ou à igreja indiscriminadamente; e tanto as estrelas como os candeeiros, embora de formas diferentes, iluminam o mundo.
Mas as luzes de menor intensidade, tanto no céu como na terra, empalidecem diante do resplendor do Sol. Esta cena de abertura é dominada pela "glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tt 2:13). Sabemos, de acordo com o versículo 18, que a descrição não pode ser de nenhum outro. A visão de João (v.17) é realmente muito impressionante. João certamente o vê como Deus. E lhe atribui as características divinas usando a mesma linguagem que Ezequiel e Daniel usaram para descrever Deus, e certamente João teria relembrado a reivindicação de Cristo em João 14:9: "...quem me vê a mim, vê o Pai...". Deste ponto em diante a centralidade de Cristo é o tema principal do Apocalipse. Todas as coisas dependem do relacionamento com Ele. Isso pode explicar um fato curioso. Os sete candeeiros certamente nos trazem à mente um outro candeeiro: o que foi colocado no tabernáculo de Moisés. Moisés , tal como João, teve uma visão da realidade espiritual, na qual lhe foi ordenado que construísse uma réplica do que vira. Entre as coisas que ele diligentemente construiu estavam as sete lâmpadas unidas em um único candeeiro. Os candeeiros de João, no entanto, estão separados. Talvez devamos ver neles a igreja, seja assim para nós exatamente como ela aparece no mundo, isto é, congregações locais aqui e ali, que podem ser completamente isoladas e até destruídas (2:5). Mas no nível celestial a igreja está unida e é indestrutível porque está centralizada em Cristo. Os candeeiros estão espalhados pela terra; mas as estrelas estão seguras na mão de Cristo. Assim também deve ser para todo o seu povo. A tribulação, a realeza e a perseverança que Jesus conheceu, João também conheceu, e se queremos verdadeiramente ser seus companheiros, precisamos estar dispostos a compartilhar as mesmas experiências. Em Patmos nós sofremos; mas en Pneumati nós reinamos. O objetivo prático, para o qual a revelação divina aponta, é fazer-nos ver o primeiro à luz do segundo. Mesmo a progressão iniciada na primeira cena, que se passa inteiramente neste mundo, até a oitava cena, que se passa inteiramente no futuro, serve para ilustrar o mesmo propósito. O cristão conhece este mundo porque nele habita. Mas quanto ao significado do mundo, para onde ele caminha, e por que o trata com tanto desprezo, são questões para as quais ele não consegue encontrar resposta. Ele começa a entender somente quando o fato é relacionado àquele mundo. Ele chega a ver um plano da História, a realmente entender o que está acontecendo, a perceber o seu próprio lugar no quadro, e como tudo irá terminar. Percebe o grande desenho do lado direito da tapeçaria, que explica o entrelaçamento de fios e as pontas soltas que estão do lado que lhe é mais familiar. Assim ele aprende a relacionar em sua mente a igreja, como ele a vê, lâmpadas que brilham aqui e ali em um mundo mergulhado em trevas; lâmpadas constantementes ameaçadas de extinção, e a igreja como Cristo a apresenta, um conjunto de estrelas inextinguíveis na mão do seu criador. Está pronto a enfrentar a tribulação, por causa do que ele conhece acerca do reino: está pronto a enfrentar a tempestade porque sabe que suas fundações estão profundamente enraizadas na rocha. "A tribulação e o reino" produzem "a paciente perseverança". Este é o objetivo do livro do Apocalipse.



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