terça-feira, 19 de fevereiro de 2013





PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA DE JOÃO PESSOA

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – CLASSE TEMÁTICA

LIVRO – APOCALIPSE – Professores : Rev. Fernando e Rev. Lídio

AS ÚLTIMAS COISAS – ESCATOLOGIA

Introdução: Existe em todas as raças e culturas uma preocupação com a origem e a destinação final do homem, isto é inegável à vista da religiosidade dos povos mais primitivos que existem, todos possuem algum conceito sobre a origem do homem e a vida após a morte.
Todas estas culturas acreditam que a vida continua, de alguma forma, em outro estado de existência espiritual após a morte física do homem.
Esta questão da vida em outro estado de existência após a morte não é apenas uma  questão religiosa, mas algo que tem ocupado as especulações de filósofos e religiosos ao longo de toda a história da humanidade.
As antigas religiões orientais eram panteístas e ensinavam a imortalidade da alma, que migrava de um corpo falecido a outro em nascimento, sempre em contínuo aperfeiçoamento até atingir o estado final de perfeição através das inumeráveis transmigrações corpóreas.
Na história da filosofia podemos achar em Platão o ensino formal da imortalidade da alma, doutrina que persistiu, com raras exceções, entre os filósofos de todos os tempos e nacionalidades até a época atual.
A VIDA ETERNA
Aquele que tem cristo tem a vida eterna. Jo 5:19-24
Quem possui a imortalidade = Deus, ela é derivada de Deus.
Versos = vida eterna 1 Tm.6:16 – recebemos a eternidade derivada DEle.  2 Ts 1:9 –
Eternidade no A.T. 
A revelação é progressiva, não temos toda a revelação.
Jó 19:25 - e a certeza da vida eterna-
Salmo 16: 10 e a ressurreição-
Daniel 12:2 – ressurreição FUTURA para a vida eterna ou para a vergonha.
Uma ressurreição com dois aspectos.
A VIDA FUTURA É EXTREMAMENTE REAL. 
A palavra escatologia só passou a ser usada a partir de 1844.
O termo é formado de duas palavras gregas:  eschatos - último; e logos - tratado, estudo. Significa ciência das últimas coisas ou doutrina das coisas finais.
Tecnicamente, é a área da teologia que estuda os temas relacionados à morte, o estado da alma depois da morte, a “Grande Tribulação”, a segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, o Juízo Final, o céu  e o inferno, e todos os assuntos relacionados com o destino final da humanidade.
O núcleo central da mensagem de Jesus é também escatológico, sob a forma do juízo iminente de Deus. 
Ex. Mt. 24
Por isso, a figura que melhor traduz a atividade de Jesus, na sua consciência e na percepção de seus ouvintes, é a de “mensageiro escatológico”.
Em termos cristãos, a escatologia é uma disciplina holística. Ela permeia toda a revelação bíblica e contempla todas as dimensões da alma. Moltmann(Jürgen Moltmann é um dos principais teólogos Luteranos contemporâneos) justifica esta afirmação ao dizer que:  “ O cristianismo é escatologia, é esperança, olhar e andar para frente e transformar o presente.
O escatológico não é um dos elementos da Cristandade, mas é o agente da fé cristã em si, a chave à qual tudo está ajustado [...] Por isso, escatologia não pode ser apenas uma parte da doutrina cristã. Antes, a perspectiva escatológica é característica de toda a proclamação cristã, de cada existência cristã e de toda a Igreja.”
ESCATOLOGIA REFORMADA
A escatologia reformada é baseada em uma série de princípios que devem ser plenamente justificados à luz da Escritura, por este motivo, é preciso, em primeiro lugar, estabelecer estes princípios básicos, nos quais estão formulados os estudos escatológicos, conforme a ótica da Teologia Reformada.
Complementando esta introdução é preciso dizer que a Reforma não trouxe nenhuma novidade à doutrina cristã, pelo contrário, a Reforma foi um movimento de volta à fidelidade bíblica do cristianismo apostólico, em contrapartida ao abandono da Palavra pela igreja romana.
Leandro Lima:
“ Os reformadores desenvolveram a doutrina das últimas coisas com base na ideia da salvação, mantendo os princípios da igreja primitiva e descartando definitivamente a ideia do Quiliasmo (doutrina pela qual Jesus retornaria fisicamente na terra e restabeleceria o reino físico e terreno de Davi, do qual ele seria rei por mil anos literais e os judeus, ou os crentes atuais, seriam seus ministros na terra. .”
OS PRINCÍPIOS DA ESCATOLOGIA REFORMADA
1 - O ISRAEL DO ANTIGO TESTAMENTO É A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO  
Esse é o princípio básico da escatologia bíblica e também da escatologia reformada. Será feito um breve demonstrativo utilizando alguns versículos comparados no Velho e Novo Testamento, demonstrando que o Novo Testamento considera a igreja como o Israel do Velho Testamento. Isto é de suma importância, pois a partir deste princípio descarta-se previamente toda a possibilidade da implantação de um reino milenar messiânico, o Quiliasmo, conforme a interpretação escatológica dispensacionalista e pré-milenista.
1.1 - O povo de Deus: O povo hebreu:

Levítico 26,12: “Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo”.

A igreja: 2 Coríntios 6,16: “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.
Em todas suas referências, o apóstolo Paulo considera os cristãos como o verdadeiro Israel de Deus, apresentando-se agora em um pacto que não necessita de templos de madeira e pedra, nem tampouco de características de raça ou nação, Deus não está contido em templos, mas habita entre seu povo, e a graça de Deus não está restrita a um povo étnico, mas aplica-se a todos os povos de todas as nações. Deus é vivo e pessoal, a sua graça é aplicada individualmente a cada um dos eleitos considerando apenas a determinação eterna e não as características étnicas ou geográficas.

1.2 - A salvação não está longe: Para o povo hebreu: Deuteronômio 30,12-14: “Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires”.

Para a igreja: Romanos 10,6-8: “Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo; ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos. Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos”.
Estes versos no livro de Romanos demonstram que não está além do alcance dos gentios serem salvos do pecado. Paulo prova isso referindo à passagem em Deuteronômio, onde não estava além do alcance de Israel, ser salvo do pecado e da morte. Este verso só faz sentido se os cristãos forem considerados como os herdeiros da promessa.

1.3 - A segurança da salvação: A segurança dos hebreus: Deuteronômio 31,6: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará”.

A segurança da igreja: Hebreus 13,5: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”.
2 – O ÚNICO DEUS DA BÍBLIA É O DEUS DA TRINDADE DIVINA

Boa parte da doutrina escatológica predominante, principalmente as derivadas do dispensacionalismo e do pré-milenismo, negam a divindade de Jesus, a Trindade divina e a onisciência de Deus, é importante salientar que o Deus presente em todo este trabalho se refere sempre à Trindade Divina. Isaías 46,9: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim”.
3 – SÓ EXISTIRÁ UMA NOVA VINDA DE CRISTO, QUE SERÁ VISÍVEL POR TODA HUMANIDADE

A segunda vinda de Cristo será um evento pessoal e físico, Jesus voltará fisicamente à terra, a mesma pessoa que deixou os apóstolos na ascensão é a mesma pessoa que irá voltar para o julgamento final e o encerramento da história do universo. Esta vinda, apesar de precedida por muitos sinais, será uma vinda repentina e inesperada constituindo-se em uma surpresa para o povo descrente e apóstata daquele último tempo. Atos 1,11: “E lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir”.

A Escritura mostra que a Segunda Vinda de Cristo será um evento único, de forma gloriosa e triunfante, como nunca visto na história da humanidade, todos os textos referentes à segunda volta falam de um único evento, o qual aparece sempre com as mesmas características e com os mesmos acontecimentos. Não existe nenhuma justificativa bíblica para supor a existência de qualquer tempo posterior à Segunda Vinda. A Palavra de Deus mostra claramente que a volta de Cristo à terra será um acontecimento visível e tangente à toda humanidade, Jesus não será visto apenas pela a igreja, mas será visto por toda a Humanidade.

Mateus 24,30: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória”.
4 - A SEGUNDA VOLTA SERÁ PARA JULGAMENTO DE TODA HUMANIDADE

No verso acima de Mateus, está escrito que ‘todos os povos da terra se lamentarão’. Isto mostra que toda humanidade tomará consciência imediata deste fato último da história e de suas implicações.

Apocalipse 1,7: “Eis que Ele vem sobre as nuvens, todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém”.

Mateus 25,31-33: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda”.

5 – A SEGUNDA VINDA SERÁ PARA GLORIFICAÇÃO DE CRISTO

A segunda vinda será para glorificação de Cristo no seu povo eleito: os filhos de Deus.  A condenação dos réprobos servirá também para que esta glorificação de Cristo em seu povo eleito seja magnificada.

2 Tessalonicenses 1,10: “Quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)”.

6 - A SEGUNDA VINDA ENCERRA A HISTÓRIA

DA HUMANIDADE

No texto de Mateus abaixo, é revelado que o retorno de Cristo à terra vem encerrar a história da humanidade, interrompendo inexoravelmente toda vida na terra, neste verso Jesus define o destino final de toda humanidade.

Mateus 25,46: “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna”.

O destino final de todas as pessoas vivas ou mortas neste dia está definido claramente entre o céu e o inferno, não existe nenhuma base bíblica para se afirmar a existência do purgatório ou de qualquer lugar intermediário entre o céu e o inferno.
7 – A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ENCERRA A OPORTUNIDADE DE SALVAÇÃO

A segunda vinda de Cristo se dará no mesmo momento quando estiver completo o número dos eleitos e dos réprobos. CFW, Capítulo III, Seção IV - O número dos predestinados: Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído.
2 Tessalonicensses 1,7-9: “E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”.

Neste momento encerra-se a oportunidade de salvação, todos os que, até aquele último instante, não estiverem convertidos a Jesus, serão lançados no fogo do inferno. Não haverá chance, nem oportunidade de arrependimento após a segunda vinda, pois o Senhor vem trazendo vingança contra aqueles que não obedecem ao evangelho de Cristo.
8 - A RESSURREIÇÃO, DOS JUSTOS E DOS ÍMPIOS, É UM EVENTO ÚNICO E ACONTECERÁ SIMULTANEAMENTE NO ÚLTIMO DIA

Tanto os justos quanto os ímpios ressuscitarão no mesmo dia em sua totalidade, sem intervalo de tempo; sendo que, os justos para a vida e os ímpios para a morte.

João 5,27-29: “E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.

1 Coríntios 15,52: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”.

DISPENSACIONALISMO

O dispensacionalismo divide a história bíblica em pactos diferentes que se manifestaram em diversas fases da história, motivados pela suposição que Deus foi pego de surpresa pelas atitudes do homem, que não cumpria os seus planos e foi obrigado a estabelecer novos pactos na esperança de que o homem viesse a cumpri-los.
Serão apresentadas abaixo as dispensações imaginadas conforme esta visão escatológica delirante, tendo sempre em mente que o Pacto bíblico é um só, firmemente fundamentado em Cristo em todas as épocas da história da humanidade.
O dispensacionalismo, apesar de adotado por muitas denominações, é uma heresia que não deve ser aceita em hipótese alguma. Conforme esta doutrina herética, Jesus é apenas um homem que foi elevado à divindade pela sua vida piedosa e de alto padrão moral, desta forma os dispensacionalistas, em geral, não acreditam na divindade de Cristo, na onisciência de Deus e tampouco na Trindade Divina.

As dispensações históricas
1 - Dispensação da Inocência: Período de relacionamento de Deus com Adão e Eva antes da queda. O homem foi colocado num ambiente perfeito, sujeito a uma lei simples e advertido das consequências da desobediência. Este período terminou com o julgamento e expulsão do casal do Jardim do Éden.

2 - Dispensação da Consciência: Esta dispensação se estende desde a queda até o dilúvio, nesse período os homens expulsos do Éden, conhecedores do bem e do mal, podiam seguir a direção do seu próprio coração, mas corromperam-se a tal ponto, que Deus enviou o dilúvio.

3 - Dispensação do Governo Humano: Desde o tempo do dilúvio até a dispersão dos homens sobre a superfície da terra após o episódio da Torre de Babel, sendo finalizada com a chamada de Abrão.

4 - Dispensação Patriarcal ou Dispensação da Promessa: Esta dispensação teve início com a chamada de Abrão, esse tempo durou até a saída do povo de Israel do Egito.

5 - Dispensação da Lei: Período da história desde a outorga da Lei a Moisés, no Sinai, até o dia do Pentecostes, conforme relatado nos Atos dos Apóstolos.

6 - Dispensação da Graça ou Dispensação da Igreja: Esse período se estende desde a crucificação de Cristo (ou o Pentecostes) até a sua segunda vinda, esta é a dispensação da aliança do sangue de Cristo, que, todavia, existe juntamente com a aliança mosaica, assim Cristo é apenas o mediador da nova aliança e Moisés continua mediador da aliança mosaica. Conforme as suposições dispensacionalistas, quando Jesus começou a pregar para os judeus ele acreditava piamente que os judeus iriam crer nele, somente depois que ele constatou que os judeus o recusaram é que se voltou aos gentios. Estes fatos são temerários até para serem referidos, mas é preciso conhecer todas essas aberrações, o cristão maduro deve discernir com firmeza entre o bem e o mal.

7 - Dispensação da Tribulação e do reino milenar: Os dispensacionalistas e premilenistas, em geral, afirmam que haverá duas voltas de Cristo, a primeira é a “parousia” onde somente os santos serão arrebatados (arrebatamento secreto), não há eventos previstos para seu acontecimento, Cristo permanecerá nos céus e os santos serão arrebatados para ir ao seu encontro nos ares. Decorridos sete anos desta “parousia”, nos quais o mundo será evangelizado, os judeus se converterão e acontecerá a grande tribulação, Cristo voltará novamente, desta vez até a terra, e julgará as nações estabelecendo o reino milenar terreno, o Reino de Davi esperado pelos judeus.

Desta forma, na segunda vinda de Cristo somente a igreja será arrebatada e todo o resto da humanidade continua na terra, esta primeira parte da última dispensação dura desde o arrebatamento da igreja até o Armagedon, a batalha final entre o bem e o mal.

Após esta última batalha o reino terrestre de Davi será instaurado no mundo, com sede em Jerusalém e governado por Jesus Cristo, desta forma o Reino Davídico pretendido pelos fariseus torna-se realidade, este reino durará exatos mil anos e somente depois disto é que se dará o fim da história da humanidade.


(*) Quiliasmo ou Quiliasma: doutrina pela qual Jesus retornaria fisicamente na terra e restabeleceria o reino físico e terreno de Davi, do qual ele seria rei por mil anos literais e os judeus, ou os crentes atuais, seriam seus ministros na terra.

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